OBS: O texto abaixo não tem pretensão autoral. Trata-se de notas
e ‘fichamentos’ de partes da Bibliografia referenciada em seguida e que foram
feitos apenas com caráter didático.
- Amaneirado = rebuscado, afetado, presunçoso.
- O maneirismo é uma periodização que até bem pouco tempo não ‘existia’ na história da arte. Ele é uma ‘invenção’ ou percepção – se assim se desejar - da década de 1950 e vem em especial para diferençar a arte da contra-reforma daquela do alto renascimento, onde vigorava uma afirmação da pujança intelectual do homem incompatível com os novos tempos de incerteza e crise.
- O maneirismo é a expressão de uma cultura em crise: Desintegração da ordem cósmica, visão geocêntrica do Universo sendo solapada e substituída por uma visão heliocêntrica onde o homem deixa de estar no ‘centro da criação divina’. Descoberta do Novo Mundo. A divisão da igreja, antes uma, em protestantes e católicos, com conseqüentes lutas fratricidas que sangram toda a Europa. O Concílio de Trento; o surgimento do jesuitismo e o recrudescimento da inquisição estão entre as respostas mais efetivas da igreja de Roma. Pela primeira vez o homem entra em crise existencial. O Renascimento havia colocado o problema da escolha do homem pela primeira vez, mas de uma forma afirmativa. No maneirismo este homem positivo é substituído por um ser que duvida e teme, ao mesmo tempo, interiormente dividido pelo problema da opção.
- Frente à serena perfeição do Renascimento, a arte do Maneirismo aparece como sua antítese. As formas harmoniosas e estáticas do primeiro período são substituídas por tensão e conflito, por formas que rompem o classicismo. Mais de um autor chamou a atenção parta o fato de que os corpos torcem-se e curvam-se como que desprovidos de ossos e de articulações; figura serpentina.
- Formas distintas de encarar a arte e a realidade:
Renascimento: a arte é expressão da verdade, de uma verdade ideal que só existe no mundo das idéias (neoplatonismo).
Maneirismo: predominância de correntes aristotélicas na arte: a arte é um artifício (são rompidos os critérios de verdade e introduzido elementos de simulacro). A distorção das formas, o tortuoso, o trompe l’oeil, as “falsificações” na verdade são objetos de uma experiência psicológica, onde pela primeira vez se inicia um enfoque moderno da vida e da arte.
- A concepção do espaço sofre uma profunda transformação. O que até então era uma adição de unidades estáticas perfeitas, relativamente independentes, se transforma numa relação dinâmica de elementos contrastantes.
- Na arquitetura religiosa volta-se ao plano longitudinal; nave única com capelas laterais e cúpula coroando o cruzeiro (interseção da nave com o transepto). A igreja maneirista, seguindo os preceitos da contra-reforma, retorna ao plano longitudinal porque mais propício a um ritual processional. A igreja maneirista padrão é a do Gesú em Roma: nave única com capelas laterais, coroada por cúpula e com ‘falso’ transepto.
- Os Palácios paladianos:
- Palazzo Chericatti, Vicenza (Palladio – 1548). Nesta obra Palladio traz para a fachada a elevação do pátio dos palácios aristocráticos romanos, a Loggia que aparece na fachada do Hospital dos Inocentes, e, pela primeira vez, em um prédio aristocrático, em pequena escala, na entrada da fachada do Massimi alle Collonne em Roma, agora, com Palladio, toma quase que totalmente a fachada do prédio. Palladio joga com o efeito de claro e escuro, cheio e vazio, tão querido ao estilo barroco vindouro. A inserção da estatuária como elemento decorativo na parte superior, sobre bases cúbicas, intercalado com pinhas, este tipo de tratamento já antecipa a colocação no local, no futuro, de uma platibanda com balaustrada cuja função será a de ocultar o volume do telhado.
- Villa Rotonda (Palladio – 1550). Vestíbulo no eixo central, absoluta simetria na distribuição dos espaços em todos os quatro lados. Palladio utiliza padrões que até então eram características de edificações religiosas: plantas rigidamente simétricas formando um plano centrado. Utilização da frente do templo romano - colunata com frontão triangular – que até então só tinha sido adaptado para igrejas.
Bibliografia:
HAUSER, Arnold. Maneirismo. São Paulo , Perspectiva.
PANOFSKY, Erwin. Idea: a evolução do conceito de belo. São Paulo, Martins Fontes, 1994.
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