OBS: O texto abaixo não tem pretensão autoral. Trata-se de notas
e ‘fichamentos’ de partes da Bibliografia referenciada em seguida e que foram
feitos apenas com caráter didático.
4.2.1. Introdução.
- Lewis Mumford, observou que neste período conviveram ao mesmo tempo na arte, uma faceta sensual e anticlássica que se expressava através dos meios da pintura e da escultura, e de outro lado, uma faceta "..matemática e abstrata, expressa com perfeição nos seu rigorosos planos de ruas, nos seus traçados urbanos formais e nos seus desenhos geometricamente ordenados de jardins e paisagens".
- O Barroco, ao contrário do Renascimento, trouxe as experiências urbanísticas que até então estavam praticamente restritas ao Novo Mundo, para a Europa, ousando inclusive rasgar as antigas cidades medievais, mas, especialmente, construindo novas cidades, próximas às capitais, que eram cidades moradias de seus monarcas, verdadeiros símbolos do absolutismo.
- O Barroco deu continuidade à experiência da organização do espaço urbano em traçado xadrez do Renascimento, invariavelmente rasgando esta malha urbana quadriculada com um grande eixo central ou diagonal, uma avenida monumental ao final da qual estrategicamente assentava-se o Palácio do monarca.
- Assim; a cidade barroca transformava-se num exercício de retórica e propaganda da monarquia absoluta.
4.2.2. O urbanismo romano.
- O Barroco deu continuidade à experiência da organização do espaço urbano em traçado xadrez do Renascimento, invariavelmente rasgando esta malha urbana quadriculada com um grande eixo central ou diagonal, uma avenida monumental ao final da qual estrategicamente assentava-se o Palácio do monarca.
- Assim; a cidade barroca transformava-se num exercício de retórica e propaganda da monarquia absoluta.
4.2.2. O urbanismo romano.
- A primeira grande cidade européia a fazer grandes remodelações foi Roma, sob o pontificado de Nicolau V.
- Se o Renascimento na Itália teve como protagonista a cidade de Florença, o Barroco por sua vez, teve a cidade de Roma.
- Roma até os meados do séc. XV era uma cidade pouco importante frente a cidades italianas como Florença e Veneza, estava bastante empobrecida pela longa ausência do poder papal. Os papas voltam do exílio em Avignon apenas em 1420 e recuperam o pleno controle sobre a cidade apenas em 1453.
- A intenção de Nicolau V era de reconstruir a antiga cidade imperial transformando-a novamente na capital do mundo. (Não sem percalços, tais como o saque de Roma pelos exércitos de Carlos V em 1527).
- Os diversos planos de remodelação da cidade, de Nicolau V (c.1450) a Sisto V (c.1590), traçaram grandes eixos monumentais na cidade, mas que não foram suficientes para exterminar a malha urbana medieval, que na verdade só veio a ter perda considerável no séc. XX, com os grandes saneamentos fascistas. Mas bairros inteiros resistiram heroicamente, como é o caso do Trastevere.- O plano de Sisto V, baseado nos grandes eixos e nos obeliscos trazidos e copiados do Egito, remodelava algumas áreas, introduzindo praças publicas monumentais, revestidas por fachadas contínuas (um conceito que depois será levado a perfeição pela urbanística barroca francesa e inglesa), coroadas centralmente por fontes ornadas com grandes conjuntos alegóricos e acessadas por grandes vias axiais.
- Se o Renascimento na Itália teve como protagonista a cidade de Florença, o Barroco por sua vez, teve a cidade de Roma.
- Roma até os meados do séc. XV era uma cidade pouco importante frente a cidades italianas como Florença e Veneza, estava bastante empobrecida pela longa ausência do poder papal. Os papas voltam do exílio em Avignon apenas em 1420 e recuperam o pleno controle sobre a cidade apenas em 1453.
- A intenção de Nicolau V era de reconstruir a antiga cidade imperial transformando-a novamente na capital do mundo. (Não sem percalços, tais como o saque de Roma pelos exércitos de Carlos V em 1527).
- Os diversos planos de remodelação da cidade, de Nicolau V (c.1450) a Sisto V (c.1590), traçaram grandes eixos monumentais na cidade, mas que não foram suficientes para exterminar a malha urbana medieval, que na verdade só veio a ter perda considerável no séc. XX, com os grandes saneamentos fascistas. Mas bairros inteiros resistiram heroicamente, como é o caso do Trastevere.- O plano de Sisto V, baseado nos grandes eixos e nos obeliscos trazidos e copiados do Egito, remodelava algumas áreas, introduzindo praças publicas monumentais, revestidas por fachadas contínuas (um conceito que depois será levado a perfeição pela urbanística barroca francesa e inglesa), coroadas centralmente por fontes ornadas com grandes conjuntos alegóricos e acessadas por grandes vias axiais.
Roma: Plano de Sisto V
- O urbanismo barroco romano era fortemente marcado pelo simbolismo religioso; a presença de símbolos como a cruz, o obelisco e a fonte remetiam a significados caros à mística cristã. Na Fontana dei quattri Fiumi na Praça Navona, um monumental conjunto em mármore onde, em torno de um grande obelisco egípcio, movimentam-se quatro figuras alegóricas personificadas, representando os quatro principais rios do mundo; o Ganges, o Nilo, o Amazonas e o Prata, Bernini tencionava uma alegorização dos quatro rios do Paraíso, uma alegorização modernizada pelo barroco, pois não se deve esquecer que dos rios de que fala o Gênesis, o século XVII identificava o Físon com o Ganges e o Gion com o Nilo, aos quais Bernini incorporou os principais rios do Novo Mundo. As alegorias de Bernini, mesmo sem serem religiosas, serviam à religião.
- Na piazza e Basílica de São Pedro em Roma, Bernini (1656) projetou uma grande praça eliptica cercada por uma colunata à maneira palladiana, embora em dimensões monumentais jamais vistas, como que fazendo dois grandes braços, querendo alegoricamente envolver o mundo. O obelisco, no centro da praça, simboliza o centro do mundo, o local privilegiado por excelência para a comunicação entre os distintos níveis (o do mundo terreno e o celeste). Não devemos nos esquecer que o barroco, junto com o maneirismo, foi o período de maior expansão da religião cristã, da qual o símbolo máximo é a basílica de São Pedro. Roma era o lugar da revelação do divino. A representatividade de Roma com sua autoridade religiosa e política, sua historicidade tornada manifesta pelos monumentos, a naturalidade privilegiada e mitológica do seu território. A cidade era um teatro no qual Bernini introduzia a sua cenografia. Segundo Benévolo, a colunata de Bernini é uma jogada de mestre para fazer a transição da escala monumental da fachada barroca de Maderna para a escala mais humana e íntima do casario medieval que predominava no bairro. Segundo Argan, com a construção da praça e sua colunata, Bernini consegue reabilitar de forma magistral a cúpula de Michelangelo como elemento central do conjunto, cúpula que tinha sido relegada a segundo plano com o gigantismo da fachada de Maderna.
4.2.3. Barroco francês.
- Se a cidade do barroco por excelência na primeira metade do séc. XVII é Roma, na segunda metade esta cidade é Paris, a capital de Luis XIV.
- De acordo com Argan, a cidade capital tem sua origem no período do barroco. Ainda que algumas monarquias – que eram itinerantes na Idade Média – tenham se fixado em cidades desde o inicio da Idade Moderna, apenas no século XVII a cidade é estruturada enquanto capital; com a construção de edificações próprias para a administração do reino. Paris, no século XVII é o exemplar mais acabado. São Petersburgo – totalmente construída por Pedro o Grande a partir de 1703 – e Lisboa Pombalina, reconstruída após o terremoto de 1755, são dois grandes exemplos do século XVIII.
- As intervenções na Paris ao longo do século XVII foram inúmeras: a demolição das antigas muralhas medievais com a construção de grandes bulevares nos espaços criados; a criação de praças reais (arquitetura cenográfica com a estátua eqüestre do rei posicionada no centro), de avenidas, de pontes, de imponentes prédios públicos etc.
- Observa-se que os meios dos reis franceses não foram suficientes para transformar em larga escala o antigo traçado medieval de Paris, obtendo assim apenas a inserção de episódios arquitetônicos isolados embora importantes e magníficos.
- A grande criação do barroco francês foi a cidade-palácio, localizada na periferia da capital e ocupando um imenso espaço que era constituído fundamentalmente por um palácio inserido em um grande parque.
- O palácio de Versailhes, construído por Le Vau e Mansart, é um edifício de mais de 500 m de comprimento que separa o parque, do espaço da cidade. As proporções de Versailles são próximas às do centro de Paris, contudo, não se trata propriamente de uma cidade.
- O palácio-cidade é uma elegia à monarquia absoluta: nele, todos os eixos conformadores (os do parque, os do palácio e os da cidade à frente) convergem para os aposentos reais, como se o monarca fosse o centro do universo.
- O palácio-cidade francês será copiado à exaustão por toda monarquia européia, desejosa de se igualar ao poderoso rei francês: Schönbrunn em Viena; Sanssouci à Postdam; Caserta perto de Nápoles etc.
Bibliografia:
ARGAN, Giulio Carlo. Imagem e persuasão: ensaios sobre o barroco. São Paulo : Companhia das Letras, 2004.
GIEDION, Siegfried. Espaço, tempo e arquitetura: o desenvolvimento de uma nova tradição. São Paulo : Martins Fontes, 2004.
MUMFORD, Lewis. A cidade na história: suas origens, transformações e perspectivas. São Paulo : Martins Fontes, 1982.
PEVSNER, Nikolaus. Panorama da arquitetura ocidental. São Paulo, Martins Fontes, 1982.
- Na piazza e Basílica de São Pedro em Roma, Bernini (1656) projetou uma grande praça eliptica cercada por uma colunata à maneira palladiana, embora em dimensões monumentais jamais vistas, como que fazendo dois grandes braços, querendo alegoricamente envolver o mundo. O obelisco, no centro da praça, simboliza o centro do mundo, o local privilegiado por excelência para a comunicação entre os distintos níveis (o do mundo terreno e o celeste). Não devemos nos esquecer que o barroco, junto com o maneirismo, foi o período de maior expansão da religião cristã, da qual o símbolo máximo é a basílica de São Pedro. Roma era o lugar da revelação do divino. A representatividade de Roma com sua autoridade religiosa e política, sua historicidade tornada manifesta pelos monumentos, a naturalidade privilegiada e mitológica do seu território. A cidade era um teatro no qual Bernini introduzia a sua cenografia. Segundo Benévolo, a colunata de Bernini é uma jogada de mestre para fazer a transição da escala monumental da fachada barroca de Maderna para a escala mais humana e íntima do casario medieval que predominava no bairro. Segundo Argan, com a construção da praça e sua colunata, Bernini consegue reabilitar de forma magistral a cúpula de Michelangelo como elemento central do conjunto, cúpula que tinha sido relegada a segundo plano com o gigantismo da fachada de Maderna.
4.2.3. Barroco francês.
- Se a cidade do barroco por excelência na primeira metade do séc. XVII é Roma, na segunda metade esta cidade é Paris, a capital de Luis XIV.
- De acordo com Argan, a cidade capital tem sua origem no período do barroco. Ainda que algumas monarquias – que eram itinerantes na Idade Média – tenham se fixado em cidades desde o inicio da Idade Moderna, apenas no século XVII a cidade é estruturada enquanto capital; com a construção de edificações próprias para a administração do reino. Paris, no século XVII é o exemplar mais acabado. São Petersburgo – totalmente construída por Pedro o Grande a partir de 1703 – e Lisboa Pombalina, reconstruída após o terremoto de 1755, são dois grandes exemplos do século XVIII.
- As intervenções na Paris ao longo do século XVII foram inúmeras: a demolição das antigas muralhas medievais com a construção de grandes bulevares nos espaços criados; a criação de praças reais (arquitetura cenográfica com a estátua eqüestre do rei posicionada no centro), de avenidas, de pontes, de imponentes prédios públicos etc.
- Observa-se que os meios dos reis franceses não foram suficientes para transformar em larga escala o antigo traçado medieval de Paris, obtendo assim apenas a inserção de episódios arquitetônicos isolados embora importantes e magníficos.
- A grande criação do barroco francês foi a cidade-palácio, localizada na periferia da capital e ocupando um imenso espaço que era constituído fundamentalmente por um palácio inserido em um grande parque.
- O palácio de Versailhes, construído por Le Vau e Mansart, é um edifício de mais de 500 m de comprimento que separa o parque, do espaço da cidade. As proporções de Versailles são próximas às do centro de Paris, contudo, não se trata propriamente de uma cidade.
- O palácio-cidade é uma elegia à monarquia absoluta: nele, todos os eixos conformadores (os do parque, os do palácio e os da cidade à frente) convergem para os aposentos reais, como se o monarca fosse o centro do universo.
- O palácio-cidade francês será copiado à exaustão por toda monarquia européia, desejosa de se igualar ao poderoso rei francês: Schönbrunn em Viena; Sanssouci à Postdam; Caserta perto de Nápoles etc.
Bibliografia:
ARGAN, Giulio Carlo. Imagem e persuasão: ensaios sobre o barroco. São Paulo : Companhia das Letras, 2004.
GIEDION, Siegfried. Espaço, tempo e arquitetura: o desenvolvimento de uma nova tradição. São Paulo : Martins Fontes, 2004.
MUMFORD, Lewis. A cidade na história: suas origens, transformações e perspectivas. São Paulo : Martins Fontes, 1982.
PEVSNER, Nikolaus. Panorama da arquitetura ocidental. São Paulo, Martins Fontes, 1982.