OBS: O texto abaixo não tem pretensão autoral. Trata-se de notas
e ‘fichamentos’ de partes da Bibliografia referenciada em seguida e que foram
feitos apenas com caráter didático.
Cronologia:
1420-1500: Primeiro Renascimento.
1500-1520: Alto Renascimento.
1520-1600: Maneirismo.
2.1.1. Condições sócio-econômicas para o surgimento do Renascimento em Florença:
- Florença Cidade-Estado, governo autônomo que, como no caso de outras cidades da Itália setentrional, adquiriram sua independência frente ao Sacro Império Romano Germânico após uma luta árdua finalizada pela Paz de Constância, em 1183.
- República comerciante, que manteve os vínculos - através de Veneza e de Genova – com os portos do oriente como Constantinopla.
- Presença de grandes famílias cuja riqueza têm a sua base no comércio e no capital bancário (Peruzzi, Médici, Pitti, Rucellai, Strozzi) e dispostas a investir em artes (mecenato).
2.1.2. Características formadoras da cultura renascentista em Florença:
- Em Florença jamais floresceu um verdadeiro estilo gótico, o românico, de caráter clássico sempre predominou.
- Os primeiros modelos dos arquitetos do Renascimento eram construções românicas como San Miniato al Monte (1018) e o Batistério da Catedral, que os florentinos à época julgavam pertencer a épocas mais remotas do que verdadeiramente eram.
- Proximidade com as ruínas e os fragmentos da Antiguidade latina. Proximidade com Roma.
- Importância do mecenato e grande concentração de potenciais mecenas para uma cidade tão “pequena”. O mecenas nobilitava a si e a sua ascendência através de uma arte com caráter propagandístico.
- Uma geração de artistas notáveis que nenhuma época posterior conheceu igual.
- O desenvolvimento da filosofia e das ciências através do contato com outras culturas e em especial com as tradições orientais e clássicas: cultura árabe proveniente do contato comercial (os árabes guardaram textos clássicos como os de Aristóteles); cultura bizantina proveniente da migração de sábios e artistas após a queda de Constantinopla (herdeira do Império Romano do Oriente); cultura judaica proveniente da migração de sábios judeus expulsos por Isabel a Católica da Península Ibérica (diáspora ibérica).
2.1.3. Mudança de mentalidades: a arte e a ciência.
- Nascimento da ciência no início da Idade moderna, baseada na observação e no empirismo.
- A concepção de um mundo em que o saber é aberto, apto a sofrer sempre acréscimos (Renascimento) em oposição a um mundo em que o saber era fechado, onde acreditava-se que tudo que havia para ser sabido já o era (Idade Média).
- A consciência do ser histórico. O encarar de modo histórico as sociedades do passado: a alteridade e a idéia de evolução. A busca por uma nova relação com a antiguidade, Petrarca e a busca pelos textos originais.
- Teísmo medieval (tudo girando em torno do Cristo-Mártir) versus antropocentrismo do Renascimento (o homem no centro do mundo como obra suprema de Deus).
- A matematização das relações espaciais. As relações numéricas da tetraktis de Pitágoras como a base da harmonia do cosmos universal. A matemática presente na estrutura do Universo (macrocosmos) refletindo-se na estrutura da cidade e do templo (microcosmos).
- A nova percepção do espaço – a Perspectiva (descoberta por volta de 1425).
- A arquitetura e o urbanismo renascentista expressando as crenças na correspondência entre micro e macrocosmos, na estrutura harmônica do Universo (harmonia das esferas), na compreensão de Deus através dos símbolos matemático-geométricos de centro, círculo e esfera. O plano centrado na arquitetura religiosa como expressão da perfeição divina.
- Deus mártir (Cristo crucificado) como expressão religiosa medieval que levou ao plano cruciforme versus o Deus Pantocrátor (Cristo Emanuel) adotado pelo Renascimento da igreja do Oriente, o Deus que vela onipotente e protetor sobre sua criação e cuja expressão arquitetônica é o plano centrado coroado por cúpula.
Bibliografia:
PEVSNER, Nikolaus. Panorama da arquitetura ocidental. São Paulo, Martins Fontes, 1982.
WITTKOWER, Rudolf. Los fundamentos de la arquitectura en la edad del humanismo. Madrid , Alianza, 1995.
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