sexta-feira, 23 de setembro de 2011

1.3. A ARQUITETURA ROMÂNICA E AS GRANDES IGREJAS DE PEREGRINAÇÃO

OBS: O texto abaixo não tem pretensão autoral. Trata-se de notas e ‘fichamentos’ de partes da Bibliografia referenciada em seguida e que foram feitos apenas com caráter didático.


1.3.1. A importância da vida monástica na Idade Média.
- A importância da religião na vida cotidiana e conseqüentemente a proeminência da igreja enquanto instituição fez com que esta se cristalizasse como a mais poderosa instituição medieval, precedendo inclusive a monarquia.
- A vida monástica é importada do oriente e inicia-se na Europa nas ilhas Lérins perto de Marselha, no começo do séc. V, alcançando depois a Irlanda.
- Os mosteiros irlandeses floresceram nos séc. VI e VII. Seus missionários irradiaram o sistema monástico para as regiões das atuais Escócia, França, Itália, Alemanha e Suíça.
- As Ilhas Britânicas foram um poderoso baluarte da cultura clássica, onde esta permaneceu com uma força e uma persistência maior do que no continente, em especial por causa dos mosteiros irlandeses.
- É no interior do mosteiro onde a cultura sobrevive, seja a cultura clássica literária e filosófica que floresce nas bibliotecas monacais, seja a cultura prática que floresce nas oficinas e nos canteiros de obra dos mosteiros.
- A construção dos grandes conjuntos monacais e abaciais é a oportunidade de um reviver das técnicas construtivas que estavam em decadência desde o final do Império romano.
1.3.2. O renascer da cultura clássica.
- A Idade Média foi toda marcada por pequenas revivescências da cultura clássica antes da grande revivescência intitulada Renascimento florentino. Talvez a mais significativa destas tenha sido a renovatio carolíngia – na época de Carlos Magno, sécs. VIII e IX - responsável pela preservação de grande parte dos textos latinos originais.
- Os edifícios carolíngios remontavam aos planos da Antiguidade tardia, quando o Império já tinha se cristianizado: utilizavam o modelo basilical romano para construir grandes edificações com função de ecclesia (reunir os fiéis para a missa) ou pequenas edificações de plano centrado com função de martiryum (culto aos mártires) ou ainda como batistério.
1.3.3. O românico e as grandes abadias.
- O estilo românico parece que foi criado por volta da segunda metade do século X.
- A arquitetura românica é predominantemente monástica e rural enquanto na gótica predominam as catedrais urbanas.
- Na época do paleocristianismo foi hábito construir templos especiais (os martiryums), geralmente de planta centrada, para a veneração das relíquias dos mártires. Nas igrejas de peregrinação da Idade Média estes dois tipos antigos de templos – o longitudinal e o centrado - foram combinados num , com o uso das cabeceiras irradiantes.
- A parte oriental (cabeceiras) das igrejas românicas ordenava-se segundo dois tipos principais concebidos em França: o plano irradiante com deambulatório passando por trás do altar-mor e permitindo o acesso às absidíolas e o plano escalonado, onde capelas (absidíolas) eram posicionadas ao final de cada uma das naves laterais e algumas vezes no lado oriental das paredes do transepto.
- O plano irradiante parece ser proveniente da igreja de Saint Martin de Tours, um dos mais famosos santuários da cristandade.
- As técnicas construtivas se desenvolveram consideravelmente durante o início e o final do século do românico (séc. XI). Construir abóbadas de pedra sobre as naves das igrejas basilicais era a ambição destes construtores, tanto por uma questão estética como por uma questão de segurança contra incêndios.
- Os romanos souberam em seu tempo, como fazer abóbadas de grandes dimensões, fundindo grandes cúpulas em concreto como a do Panteon. Os construtores do ocidente, contudo, desconheciam a técnica romana do concreto e construíam, nos primeiros tempos, até meados do século XI, naves centrais estreitas com abóbadas de berço e/ou de aresta nas naves laterais. Foram estes construtores que desenvolveram a tecnologia das grandes abóbadas de aresta e depois as ogivais nervuradas.
- Os primeiros tetos planos como o da catedral de Ely foram substituídos por tetos com abóbadas de aresta como em Cluny e Speier, e abóbadas ogivais nervuradas como a de Durham.
- Em Cluny II - na abadia reconstruída do final do séc. X - aparece pela primeira vez o plano escalonado na cabeceira oriental onde as naves laterais são prolongadas terminando em pequenas absides. A reconstrução de Cluny no início do séc. XII (Cluny III) como o mais grandioso mosteiro da Europa, introduzia as primeiras abóbadas de aresta e a cabeceira era do tipo irradiante.
Bibliografia.
PANOFSKY, Erwin. Renascimento e renascimentos na arte ocidental. Lisboa, Presença, 1981.
PEVSNER, Nikolaus. Panorama da arquitetura ocidental. São Paulo, Martins Fontes, 1982.

Nenhum comentário:

Postar um comentário