OBS: O texto abaixo não tem pretensão autoral. Trata-se de notas
e ‘fichamentos’ de partes da Bibliografia referenciada em seguida e que foram
feitos apenas com caráter didático.
1.2.2. Decadência do Império romano e da vida urbana na Europa ocidental.
uralidade, sob o sistema feudal, passa a ser a tônica.- O feudalismo era uma organização tripartite da sociedade em três castas: nobreza, clero e servos cada qual com a sua função: guerreira, sacerdotal e camponesa.
- O sistema feudal é o isolamento da Europa ocidental, o retorno ao campo e a extinção do comércio e da vida urbana. Nesta sociedade rural, as cidades em decadência têm um lugar marginal, não funcionam mais como centro administrativo, e muito pouco como centro de
produção
e troca.
- Tende a desaparecer a diferença jurídica e física entre cidade e campo.
- A disposição de comunidades urbanas menores e mais pobres, situadas nas estruturas demasiado amplas das cidades romanas, e a formação de aldeias rurais, é muito similar e iguala a aparência de cidade e campo – estabelece-se um continuum de ocupação.
- As estruturas físicas das cidades romanas, contudo, permaneciam de pé, e os grandes edifícios públicos da antiguidade – termas, teatros, anfiteatros – se transformam em fortalezas, em cidades muradas (Spalato, anfiteatro de Arles).
- As igrejas cristãs surgem muitas vezes no exterior do recinto criado pelas muralhas, perto das tumbas dos santos, que pelas leis romanas não podiam ser sepultados na cidade.
1.2.3. O renascimento comercial e o desenvolvimento das cidades estado.
- No início do século XI, começa o renascimento econômico da Europa, devido à estabilização das invasões bárbaras, as inovações técnicas na agricultura, a uma diminuição na mortalidade infantil, a população européia aumenta consideravelmente possibilitando que uma parcela
significativa abandone as atividades rurais para se dedicar as atividades urbanas (artesania).
- A cidade-estado é fruto deste crescimento populacional, em especial aliado ao desenvolvimento proporcionado pelo ressurgimento do comércio, de um comércio que nunca tinha desaparecido totalmente (Veneza com Constantinopla e Flandres com as cidades do Báltico).
- Nestas cidades, a burguesia artesã e mercantil está em maioria e pretende se subtrair ao sistema político feudal, em especial as pesadas taxas que o senhor feudal imputava às
cidades por conta da proteção nominal que oferecia.
- A nova organização surge, num primeiro tempo, como associação privada, com o embate com bispos e príncipes feudais, torna-se um poder público: a comuna.
- A organização da administração se dá através de um conselho-mor formado pelos representantes das famílias mais importantes e de um conselho menor com caráter executivo.
- Os cidadãos se organizam através das guildas (corporações de ofícios) e através das companhias do povo armado, que nomeiam um magistrado, o capitão do povo.
- A antiga organização das cortes, no campo, começa a ser questionada por não se adaptar mais às necessidades de fornecer produção para as cidades.
- A cidade medieval se implanta como uma área de liberdade no meio do mundo rural que a circunda, submetido ainda a uma vassalagem quase absoluta. O servo que fugia para a cidade e nela conseguia ficar ininterruptamente por um ano e um dia, conquistava sua liberdade frente ao senhor feudal e passava a ser um cidadão.
1.2.4. Crescimento e desenho da cidade medieval.
- A orientação da cultura medieval - que não tende a estabelecer modelos formais como a cultura antiga - torna impossível uma descrição geral da forma da cidade que sirva a todos os tipos.
- As cidades medievais têm todas as formas possíveis, e se adaptam livremente a todas as circunstâncias geográficas e históricas, em especial às topográficas. Seu crescimento é ‘orgânico’ e ‘natural’.
- Na maior parte das vezes irregulares, identificam-se, contudo, entre outras: a forma radioconcêntrica (desenvolvimento em torno de um núcleo); a forma linear (ao longo de uma via); a forma axial (proveniente do cruzamento de duas vias) e, no final da Idade Média, a forma regular das Bastides e Ville-Neuves.
- Rede de ruas irregulares mas que formam um espaço unitário no qual é possível orientar-se, através de artérias principais e secundárias.
- Os espaços públicos e privados não formam zonas contíguas e separadas, como na cidade antiga. Também não encontramos na cidade medieval uma separação funcional como em Mileto; as funções comercial, residencial e administrativa se sobrepunham.
- As grandes cidades não chegaram a muito mais que 200 mil habitantes (Paris no seu auge). As cidades em geral tinham em torno de 10 mil habitantes, o que as distanciava das grandes cidades do Oriente – Constantinopla com 500 mil habitantes.
- Uma cidade tem sempre mais de um centro: religioso (catedral); civil (municipalidade); comercial (presença do palácio da Associação Mercantil).
- As classes mais abastadas moram no centro e as mais pobres na periferia. É alta a concentração habitacional no centro, onde os terrenos são mais caros e as casas muitas vezes chegam aos seis pisos.
- O crescimento é perimetral, um subúrbio que se cria em torno das primitivas muralhas do burgo da Alta Idade Média. Em breve esta área perimetral se torna maior que o núcleo original, torna-se necessário um novo cinturão de muros, incluindo os subúrbios e as outras instalações (igrejas, abadias, castelos).
- A cidade relaciona-se em torno do muro, que define o “fora” e o “dentro”. O muro é a obra comunal mais cara e importante da cidade, para a construção e a manutenção do muro todos os cidadãos devem colaborar.
Bibliografia:
BENÉVOLO, Leonardo. História da cidade. São Paulo, Perspectiva, 1983.
___. A cidade na história da Europa. Lisboa : Editorial Presença, 1995.
DELFANTE, Charles. A grande história da cidade. Lisboa : Instituto Piaget, [s/d].
PIRENNE, Henri. Las ciudades de la Edad Media. Madrid : Alianza Editorial, 2007.